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O que é protagonismo na vida adulta e por que ele importa?

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O conceito de protagonismo na vida adulta tem sido amplamente discutido na psicologia contemporânea, principalmente nas abordagens que articulam subjetividade, cultura e contextos sociais. Ser protagonista não significa apenas tomar decisões individuais, mas também compreender como estas decisões são atravessadas por fatores históricos, raciais e de gênero. Nesse sentido, a vida adulta apresenta-se como um momento crucial em que a construção da autonomia se entrelaça com as demandas externas e internas.

Em termos psicanalíticos, o sujeito adulto é convocado a elaborar as marcas de sua infância e adolescência, produzindo novas narrativas sobre si e sobre o mundo. Essa elaboração não se dá de maneira isolada, mas em permanente diálogo com a realidade social. Assim, o protagonismo pode ser entendido como a capacidade de reconhecer tais atravessamentos e, a partir deles, construir estratégias de enfrentamento e afirmação.

Na prática clínica, observa-se que muitos adultos vivenciam conflitos entre as expectativas sociais e os desejos singulares. Esse descompasso frequentemente gera sentimentos de inadequação e estagnação. O resgate do protagonismo, portanto, surge como um caminho para que o sujeito possa se reconectar com sua potência de ação, deixando de se perceber apenas como um “objeto das circunstâncias”.

Além disso, o protagonismo adulto tem um caráter ético e político. Ser protagonista não é apenas uma questão de escolha individual, mas de reposicionamento frente às opressões. No contexto brasileiro, marcado por desigualdades estruturais, pessoas negras, mulheres e indivíduos das classes populares enfrentam barreiras adicionais para exercer esse protagonismo.

A clínica psicológica, ao acolher essas experiências, torna-se um espaço privilegiado para o desenvolvimento da escuta crítica e da reconstrução de narrativas. O sujeito é convidado a revisar os significados atribuídos às suas vivências e a elaborar novas possibilidades de existência.

Outro ponto importante é que o protagonismo não deve ser confundido com individualismo. Trata-se de uma noção que também considera a coletividade, pois o adulto protagonista compreende que seu processo de realização está intrinsecamente ligado às relações com os outros.


Portanto, o protagonismo na vida adulta deve ser entendido como um processo dinâmico, que envolve escolhas conscientes, enfrentamento das limitações impostas pela realidade social e a construção de uma identidade autônoma.

Em última análise, resgatar o protagonismo é um ato de resistência, pois significa afirmar-se como sujeito desejante em um mundo que constantemente tenta reduzir o indivíduo a estereótipos e papéis pré-determinados.

 
 
 

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